domingo, 4 de dezembro de 2016

TORTA ALEMÃ

Muitos dos meus pensamentos surgem enquanto cozinho ou lavo louça, tenho uma ligação singular com a cozinha, e concordo completamente com a máxima de que cozinhamos com os sentimentos, em alguns momentos o alimento vem repleto de lembranças, em outros de esperança.

Hoje minha empreitada culinária veio repleta de lembranças, saudade, arrependimentos, e uma alegria triste.
Após um ano sonhando com torta alemã, e algumas tortas compradas e sem saciar minha vontade, finalmente resolvi que deveria fazer uma torta, enquanto separava os ingredientes, a forma, batedeira...comecei a recordar da última vez que fiz essa torta, e percebi que faz mais de uma década, e voltei 11 anos, 6 meses e oito dias no tempo.

Data 26/05/2015, quinta-feira, feriado de Corpus Christi, uma linda jovem de 17 anos convida algumas colegas para fazer um trabalho e uma torta alemã, eis que seu jovem futuro namorado liga querendo leva-la ao shopping. Após explicar sobre o trabalho a jovem sente que foi meio fria com o jovem e emenda perguntando ao jovem se gostaria de ajuda-la com o trabalho, prontamente o jovem aceita e em menos de meia hora estão juntos. A jovem sem saber como lidar corretamente com a situação, pois é a primeira vez que convida um rolo amoroso a sua casa, timidamente o apresenta a sua mãe e sai com o jovem para comprar os ingredientes para a torta. Horas depois, após fazer a torta, trabalho, filme e comer a torta as colegas vão embora e fica o jovem, que a convida para ir a Campos do Jordão com seus pais, a bela jovem não pretendia ir, pois passaram o dia juntos, o status do casal não está definido e a jovem não faz ideia do que sente ou deseja...
Por uma jogada do destino, minutos depois a bela jovem está a caminho de Campos do Jordão com o jovem e seus pais, tendo passado pela casa de alguns tios e sido apresentada como namorada, ou seja a pobre coitada está mais confusa, envergonhada, tímida, deslocada do que nunca. Eis que chegando em Campos do Jordão resolve em um momento de bravura definir a situação e questiona o jovem sobre ter sido apresentada como namorada e o jovem diz que isso era coisa de sua mãe, a bela jovem tem um segundo para sentir alivio e tristeza até o jovem emendar sua fala com: "se bem que gostaria que fosse", pega de surpresa a bela jovem não sabe o que responder, há uma semana não fazia ideia que esse jovem gostasse dela, aliais mal sabia que ele conhecia sua existência, e responde: "Tá!".
Agora era a namorada de alguém, seu primeiro namorado, que chegou em um momento de confusão, em que a jovem estava cheia de dúvidas sobre o futuro, repleta de medo de fazer as escolhas erradas, sentindo-se deslocada e perseguida na escola, um momento em que ela era tudo, menos ela mesma.
Seis meses depois aproximava-se o natal como agora, a bela jovem e sua mãe resolveram enfeitar a casa e uma árvore de natal, infelizmente a bela jovem fica enciumada, pois sua mãe resolveu realizar os enfeites em torno do jovem que não havia enfeitado uma árvore de natal, e acaba destruindo o momento, sendo mandona e rude com o jovem, sem permitir que este aproveitasse o momento de enfeitar a árvore, mesmo os enfeites tendo sido comprados em sua homenagem.

Um pouco menos jovem, ela se depara na cozinha de seu apartamento, sozinha, fazendo uma torta alemã e no intervalo uma guirlanda, relembrando cada um desses momentos, e muitos outros que passou com aquele jovem durante seu breve namoro e percebe com saudade, alegria e tristeza o quão imatura era, quantas coisas faria diferente, e o quanto aquele jovem foi especial, quantas marcas e lições ele foi capaz de deixar em apenas oito meses, o quanto dele ela, ainda, carrega em si, confirmando que é impossível esquecer o primeiro namorado, e nesse caso seu primeiro amor.